quinta-feira, 4 de março de 2010
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
S. Jorge - Fajã João Dias
Um pequeno trajecto em viatura entre a cidade de Velas marcou o início da primeira viagem até ao limite da escarpa natural que se ergue no lado norte da ilha. Aqui inicia-se a segunda viagem, agora a pé, ao longo do estreito trajecto pedonal que serpenteia a encosta por entre a muita vegetação verdejante nos mais de 1200 metros de trilhos, integrados nos mais de 400 metros de desnível.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2010
Pico - 3ª Tentativa
De volta novamente ao Pico, para completar a tão desejada experiência de sentir o vento e a neve nesta esfinge do atlântico médio, o ponto mais alto de Portugal.
Já na subida a furna (ponto 1 do mapa) foi passada aos doze minutos, o marco branco da “curva” (ponto 2 do mapa) aos vinte minutos e a neve, com alguma densidade, apareceu aos quarenta e seis minutos. Um passo constante e um ritmo cardíaco na ordem das cento e sessenta e seis pulsações por minutos, marcaram a longa viagem durante todo o escalar das pedras vulcânicas até ao cume. Algumas fotos precederam o encaixe dos grampos nas botas que, aos cinquenta e quatro minutos, deram novo alento e ímpeto à marcha de subida.
Os marcos que identificam o trilho, suportavam blocos de gelo que iam aumentando ao longo da subida. A posição do gelo “colado” ao marco indicava a orientação do vento no período que choveu o granizo. Durante a subida o vento gelado que serpenteava a montanha tomava a temperatura da neve e tornava-se cada vez mais gelado. Já na cratera (ponto 4 do mapa), “entupida” com vários metros cúbicos de gelo, já nos dois mil e cem metros de altitude, a intensidade do vento e a fraca visibilidade, tornou o cenário temível.
No topo do “piquinho” as paredes quentes da fumarola do vulcão derretem todo o granizo que vai caindo ao longo dos dias. Nas rochas e na terra escura observam-se pingos de água que degelam e escorrem até ao próximo manto branco de gelo. Por detrás de uma pedra sem calor voltam a solidificar.
No topo a pequena cratera continua a fungar um pequeno vapor garantindo uma temperatura que afasta a neve e o gelo no interior de todo o seu perímetro. Um cenário verdadeiramente invulgar que esconde a força da natureza nas profundidades do Atlântico – a lava incandescente que borbulha há alguns milénios e aguarda o seu tempo para reaparecer.
Saciado pela invulgar paisagem e experiência vivida, resta descer, deslizar algumas vezes na neve e aguardar por outros dias que tenham melhor visibilidade para poder desfrutar da paisagem das esfingues do triângulo.
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
Faial - Capelinhos
Faial – Capelinhos
PR1FAI - Capelo - Capelinhos
Ilha: Faial
Dificuldade: Médio
Extensão: 7 Km
Tempo: 1h30m
Mapa: http://www.traisl-azores.com/
Desta vez o percurso eleito foi o trilho “Capelo-Capelinhos”.
Cavidade estreita e profunda que, ao tentar espreitar-se para o interior, provoca e agita todos os sensores humanos que identificam o perigo. Na descida um caldeirão largo e verdejante completa a primeira parte do percurso.
O trilho termina no monte que rasgou, em 1959, as rochas vulcânicas da costa oeste do Faial e acrescentou mais de um quilómetro quadrado à área total da ilha com a erupção da lava que borbulhou das profundezas do atlântico.
Pico - 2ª tentaiva
Percurso pedestre não marcado: casa montanha – piquinho – casa montanha
Ilha: Pico
Dificuldade: difícil
Extensão: 7 Km
Desnível: 1110 m
Tempo: 3h00m
Já equipado antes da chegada à casa montanha, pelas nove horas, o cenário envolvente não foi muito animador, porque um manto de nevoeiro e vento moderado eram mau presságio. No entanto, lá foram as pernas da mente teimosa tentar alcançar o desafio. O caminho repetiu-se, mas desta vez, com chuva desde o início e nevoeiro.
As fortes chuvas da noite anterior subtraíram centenas de metros de neve à montanha.
O que no dia anterior era visível junto à furna, neste dia, só foi possível verificar, vinte e cinco minutos mais à frente, quiçá meio quilometro acima, já percorrido um tempo total de trinta e nove minutos.
Na subida, a chuva fustigou com mais força duas ou três vezes o viajante, psicologicamente resistente a qualquer intempérie possível. Mas a precaução ditava que fosse necessário ir olhando para “baixo” de forma a acompanhar a evolução do nevoeiro e do vento”. Já com uma hora de viagem, a neve tinha estendido o seu manto e, já com o gelo, este prega inúmeras partidas às botas do viajante, quando não consegue quebra-lo para encontrar um ponto estável. Para evitar trambolhões destemidos, socorre-se do bastão com mais frequência à medida que progride no caminho do sopé da montanha. Catorze minutos depois o desnível da inclinação diminui, já próximo dos dois mil e cem metros, as marcas do caminho viram um pouco para a direita e dão “sinal” de que a cratera está próxima.
Mas nem tudo é perfeito.
Com redução do desnível da subida, a paisagem torna-se totalmente branca, muito lisa mas também excessivamente perigosa. As botas deixaram de conseguir estalar a neve que se transformou em gelo com espessura grossa, muito por força das fortes chuvadas caídas da noite anterior e, o bastão, também por vezes, tornou-se impotente para perfurar o manto gelado da montanha.
Sem grampos nas botas, com uma hora e quinze minutos de viagem, restou abortar a curta subida que restava até ao perímetro da enorme cratera da montanha.
Durante a descida há sempre surpresas que não se esquecem. Outro solitário, mas alemão, preparado com mochila que enchia as costas até a meio da cabeça, saltava de pedra em pedra para alcançar o topo. “Se não conseguir chegar ao topo ou se ficar mau tempo vou acampar na montanha e ficar para amanhã”. Depois de uma afirmação destas senti-me mal preparado e com espírito de aventura pouco audaz. Outras foi aproveitar a neve.
Durante a descida ao enformar o diário de vida mental, para os próximos dias, conclui que restava procurar na ilha grampos com bicos para as botas que ajudassem a completar a pouca distância que faltava para o topo.
Assim foi.
Um dia depois e já com os grampos na mochila, ferramenta que faltava para escalar a montanha de gelo, faltava apenas que se reunissem as condições climatéricas adequadas, de vento e humidade para preparar nova subida. Consultados alguns sites meteorológicos, perspectivava-se que dois dias depois, depois de passar uma “frente” chuvosa, fosse possível subir com alguma visibilidade.
Para passar algum tempo, o Faial é sempre uma bela ilha para descobrir novos trilhos.
quarta-feira, 6 de janeiro de 2010
Pico - 1ª Tentativa
Na manhã seguinte, enquanto o “triângulo das ilhas” flutuava a cortar as poucas ondas do canal, em direcção à vila de Velas, foi possível vislumbrar a sudoeste a enorme montanha da ilha do Pico coberta de neve até meia encosta. A primeira sensação foi de que estava a perder a melhor oportunidade em poder, mais uma vez, alcançar o ponto mais alto de Portugal, mas agora com neve.
Chegado à Madalena, no auge da hora do almoço com num cenário transparente, e a montanha branca a Sul a chamar o viajante, incentivou a uma investida imediata, mesmo sabendo que as piores previsões meteorológicas previam a aproximação de alguma intempérie com chuva e o vento a rodar para oeste, no final do dia e noite.
Na casa montanha, a mil e duzentos e quarenta metros de altitude o cenário mantinha-se, com vento muito fraco e total visibilidade que permitia ver todo o manto de neve da montanha vulcânica que está assente numa “base” com quase 5.000 m de altura, desde as profundezas do Atlântico.
Este cenário apelou a uma rápida troca de roupa, inserir na mochila o mínimo de material para agasalho do frio e da chuva e alguns reabastecimentos líquidos e sólidos para algum panorama menos bom. Pé ante pé, por entre o trilho já conhecido de outras vezes, foi possível fazer, em quinze minutos, percurso até à chegada ao primeiro ponto de referência, a furna. Neste ponto, já visível várias calotes de gelo, escondidas dos raios do sol, nos baixos declives das gretas construídos pela erosão.
Rumo ao topo, ainda junto à furna, o caminho curva noventa graus para sudoeste. Nesta viragem sentiu-se o crescer do vento, apesar de ainda soprar com baixa intensidade. No trilho e nas partes mais baixas tudo estava repleto com neve que ia crescendo para as laterais na medida em que se ia progredido em altitude. Também o vento e o nevoeiro acompanhavam este cenário que se tornava cada vez mais idílio e branco.
Já no segundo ponto de referência, num dos poucos marcos brancos que restam com um pequeno reflector, significa que o caminho roda, desta vez, noventa graus para Sul e começa o verdadeiro desafio com uma inclinação acentuada. Da casa montanha foram percorridos apenas mil metros dos três mil e quinhentos totais até ao topo, agora em trinta minutos.
Nesta fase, o vento soprava com rajadas geladas e fortes e o nevoeiro escondeu a vislumbrante vista sobre a furna, a vila da Madalena e a ilha da Horta.
Consciente de que a previsão meteorológica previa o crescer do mau tempo, para o final do dia e noite, restava apenas subir mais uns “degraus” para apreciar a neve envolvente.
Dez minutos depois, um pequeno deslizar na neve que escondia as rochas vulcânicas, ditou a linha final do percurso que se tornou extremamente perigoso por cada metro de desnível conquistado.
Um aventureiro audaz conciente das sua limitações nunca desiste de alcançar os objectivos que julga capaz.
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
S. Jorge - Caldeira S. Cristo
Ilha: São Jorge
Dificuldade: Fácil
Extensão: 10 Km
Tempo: 1h 45m
A Caldeira de S. Cristo, posicionada entre a fajã dos Tijolos e a fajã Redonda, quiçá o lugar mais emblemático da ilha, muito porque os difíceis acessos à pequena aldeia desincentivam a maioria da população sedentária, o que a torna algo misteriosa e, por outro lado, mais atractiva para os turistas dinâmicos e que procuram mais emoções associadas à prática regular de exercício físico.
Para alcançar o célebre e proibido prato de amêijoas da fajã, podem ser traçadas duas rotas distintas, mediante os caprichos dos aventureiros. A mais fácil é seguir de carro até à Fajã dos Cubres, estacionar junto às águas cristalinas do Atlântico e seguir viagem por um caminhos, com pouco mais de um metro e meio de largura, até à pequena aldeia. Os meios de transporte que os residentes da caldeira utilizam são motociclos de quatro rodas, porque estão dimensionados para a largura do caminho. O outro acesso, pelo carreiro pedestrianista, marcado ao logo de toda a descida que serpenteia algumas linhas de água, onde cintilam gomos do líquido das chuvas nas rochas vulcânicas, “ataca-se” pelo cume da planalto jorgense com início na estrada regional que une a vila da Calheta ao Topo.
Este passeio agradável, ainda permite a memorização de inúmeras fotos das verdejantes paisagens, durante aproximadamente uma hora, por ambos os acessos, até à aldeia construída nas margens da Caldeira de S. Cristo.
A Caldeira é o monumento natural mais apreciado e “vendido” nas revistas turísticas da região, no entanto, para outros, está envolvida num enorme fascínio irresistível para a prática de mergulho, como foi um local, e jorgense encontrado, na tarde do dia trinta, do último mês do ano de 2009, d.C. a flutuar com um fato de mergulho, óculos e tubo respirador no leito das águas da caldeira.
No estreito caminho em direcção à Fajã dos Cubres, fui ultrapassado por uma verde moto quatro e dois passageiros. A meio da viagem, um humilde jorgense, a contrato, escavava a estreita estrada para limpar as inúmeras e pouco profundas valetas que ajudam a escoar a água permitindo a conservação e a transitabilidade motora entre as fajãs. No prólogo da chegada à Fajã dos Cubres, no topo da rampa final para os veículos automóveis pesados, algumas centenas de quilos em materiais de construção, digo, telhas, blocos, entre outros, aguardam em fila a sua vez para serem transportados, nos pequenos atrelados das motas, até uma das duas casas em (re)construção no “Santo Cristo”.