terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

S. Jorge - Fajã João Dias

S. Jorge – Fajã João Dias
Dificuldade: Médio
Extensão: 2,4 Km
Tempo: 1h20m

S. Jorge é espaço inesgotável de lugares secretos a descobrir. Desta vez a escolha recaiu na Fajã de João Dias que pertence à freguesia dos Rosais, Concelho de Velas.


Um pequeno trajecto em viatura entre a cidade de Velas marcou o início da primeira viagem até ao limite da escarpa natural que se ergue no lado norte da ilha. Aqui inicia-se a segunda viagem, agora a pé, ao longo do estreito trajecto pedonal que serpenteia a encosta por entre a muita vegetação verdejante nos mais de 1200 metros de trilhos, integrados nos mais de 400 metros de desnível.

O trilho de fácil acesso só está disponível para as sapatilhas dos viajantes ou para os cascos dos vários cavalos utilizados no transporte das mercadorias entre o último acesso rodoviários e o coração da fajã. Na descida “todos os santos ajudam” a cumprir a distância em pouco mais de 30 minutos. Na volta, o problema visto do nível do mar, é colossal, muito por força da sensação de enorme desnível entre a fajã e o topo do monte, no entanto, com muita paciência consegue-se subir em cerca de 45 minutos.


A impressão colhida nos primeiros olhares para o fundo da escarpa, ainda do cume do monte, é de que se trata de uma fajã organizada e que não está ao abandono, pelo contrário. As inúmeras casas bem cuidadas e reconstruídas suscitam admiração aos viajantes sobre como foram transportados todos aqueles materiais. Claro …. os jumentos e cavalos são o melhor amigos dos veraneantes da Fajã.

Já próximo da Fajã os vários currais de vinha devidamente amanhados, as couves e alguns alhos plantados dão a entender que alguém habita isolado nesta pérola atlântica.
O septuagenário, António Fernando, a viver na Fajã, à mais de 43 anos sobrevive info-excluído da sociedade, muito por força da luta diária com a labuta do campo que o obriga a manter os campos devidamente preparados. Luta sem luz, telefone, televisão, rádios ... Guarda nas suas dispensas particulares, construídas na rocha ao longo de vários anos, os bens essenciais como a batata e outros, como os amendoins.


Nas muitas e pequenas casas construídas já se contam duas antenas parabólicas, claro que ligadas só nos fins-de-semana em que os jorgenses descem ao silêncio, onde apenas se ouve barulho proveniente do bater das ondas nas pedras que delineiam a fronteira entre o pedaço de terra e a imensidão do atlântico médio.